Pensar estratégico: Como impulsionar carreiras e os negócios
- VECTOR Consultants - E.Moreno
- 16 de out. de 2021
- 10 min de leitura
Atualizado: 17 de out. de 2021
Pensar e repensar sobre o desenvolvimento da sua própria carreira e dos colaboradores das empresas, particularmente em e pós tempos de crise, sempre ocupa um lugar de destaque nas preocupações e nos dilemas de empresários e executivos de hoje. Mas, para que isso não fique apenas no plano dos desejos, em especial aqueles que, diante das dificuldades e das incertezas, vão se esvaindo ao longo da crise ou mesmo durante o ano em decorrência da ausência de um planejamento capaz de dar efetividade aos propósitos de se fazer da crise uma oportunidade de crescimento das empresas e das carreiras de seus colaboradores. À primeira vista, isso soa muito como retórica, afinal, é mote recorrente entre profissionais de desenvolvimento e gestão empresarial e de carreiras. Também é notório o fato de que não se pode imaginar que a capacidade dos indivíduos e das empresas em produzir resultados e promover desenvolvimento são comuns entre elas. Nesse sentido, ultrapassar as propensas equivalências competitivas, diante os espaços conquistados e a conquistar no mercado, é um desafio permanente para as empresas e profissionais exitosos.
A vida nos impõe mudanças permanentes e essas nem sempre são tão previsíveis ou em linha, sejam na velocidade e nos impactos que produzem. Assim, a vida nos pede inteligência, coragem e criatividade para o enfrentamento das crises, em especial em seus solavancos, visto que elas nem sempre produzem resultados lineares.
Mesmo assim, a máxima de um de seus principais conselhos pouco surpreende os seguidores, ou surpreende a muitos e aqueles que esperam ouvir algo original e excepcional, semelhante ao brilhantismo de sua carreira. O empresário, em entrevista à TED Conference, afirmou que “para ter sucesso, é importante saber deixar os erros para trás, estar sempre disposto a aprender e nunca desistir” (crédito a Inc.com). Bom, mas isso soa como algo bastante batido no mercado (não?), afinal, pode-se afirmar que trabalho duro, resiliência e aprendizado contínuo fazem parte da maioria dos manuais de desenvolvimento de carreiras, bem como da filosofia de trabalho e de vida de uma grande parcela dos executivos e empreendedores.
· Parar de focar nos erros cometidos e, ao invés disso, identificar lições aprendidas com eles e deixa-los de lado.
Musk, que é um visionário, também parece adequadamente pragmático na condução de seus negócios. Recentemente marcou uma grande gol com a SpaceX (empresa voltada o mercado de transporte espacial), quando muitos julgavam que a SpaceX não passava de uma distração ou hoby para o empresário, Musk pode investir muito tempo e dinheiro após se certificar de que “o desafio da SpaceX estava claramente definido”, o que, certamente, ocorreu com o projeto da Tesla. Destaca-se: o desafio (por que não os objetivos?) estavam bem definidos.
Por essa razão, hoje e com maior frequência, as empresas buscam mais profissionais comprometidos com resultados do que formação profissional. Isso não significa que a formação não seja importante na condução de carreira, quando os fundamentos teóricos do mercado, dos negócios e das atividades empresariais são imprescindíveis para a formulação de estratégias de evolução dos negócios. O que muda é a política de atração de talentos, que passa da preferência por profissionais que colecionam diplomas para profissionais que ampliam e aprimoram habilidades e acumulam experiência. Hoje, é corrente no mercado a premissa de que uma graduação e mesmo pós-graduação, por si só, não garante empregabilidade e tampouco ascensão na carreira. Naturalmente, o ideal é a conjugação do embasamento teórico (formação) e da experiência com ênfase em resultados, a final, as empresas e as organizações em geral vivem de resultados. Por isso, as empresas exitosas jamais dispensam a educação corporativa como forma de se elevar o conhecimento e estimular as habilidades e desenvolver competências.
Essa não é posição privilegiada de Musk, mas também de muitos outros influenciadores de carreiras. Jeff Weiner, CEO do LinkedIn, em uma conferência sobre tecnologia, resumiu o que ele pensa em três palavras: “Skills, not degrees” (habilidades, não diplomas). Weiner afirmou que contrata profissionais que sentem paixão pelo que fazem, são pessoas éticas no trabalho, perseverantes, leais e com mentalidade focada no crescimento. E vai mais além: “Essas são características de que você não ganha necessariamente com um diploma” (crédito ao RHportal).
A valorização das competências, habilidades e experiências pelas empresas parece se constituir em uma forte tendência em todas as áreas de mercado. Isso por que nunca os gestores e executivos se dedicaram tanto a debater e refletir sobre a natureza dos resultados, levando à compreensão da importância do envolvimento das pessoas e equipes em objetivos e desafios comuns de empresas e colaboradores. É natural que, em tempos de adversidades, de impacto social e da economia colaborativa como os de hoje, tais resultados vão muito além do retorno financeiro. Eles estão mais relacionados aos propósitos que vêm levando milhares e milhares de pessoas a repensar suas vidas e a assumir as rédeas dos próprios destinos. Mas, ainda assim, são resultados (crédito a Endeavor Brasil). Além disso, cada vez mais, sustentabilidade e responsabilidade social se apresentam como condições estratégicas para a sobrevivência e desenvolvimento econômico e institucional das organizações (inclusive em tempos de adversidades, como os de hoje), o que abre novos caminhos e oportunidades de carreira. Criar competências e cultura corporativa para a inovação e ESG (environmental, social and governance) para uma maior lucratividade, melhoria de imagem e maior valor de mercado ao longo do tempo.
Possibilidades de ascensão de carreira são mais valorizadas do que salário
Embora o salário seja importante, pensar no longo prazo sobre as possibilidades de subir na carreira parece ser o principal condicionante de escolha de onde trabalhar. Pesquisa FIA Employee Experience revelou que, para 37% dos mais de 150 mil profissionais ouvidos, a chance de subir na carreira foi o principal motivo para escolher a empresa atual. Em seguida aparecem remuneração e benefícios (20%), reputação da empresa (20%) e necessidade de trabalhar (17%). A oportunidade de crescimento também é o que mantém a maior parte dos brasileiros no emprego (38%), seguida de satisfação pessoal (33%). Remuneração aparece em terceiro, com 26% dos votos. (fonte: Linkedin). Assim, é ilusão imaginar que somente benefícios podem atrair e reter talentos. Os mais talentosos estarão sempre à procura de novas oportunidades. Criar condições de crescimento e manter propósitos genuínos sempre resultará em resultados para todos, seja para os colaboradores, seja para os corporativos.
Cultura de planejamento nas empresas como fonte de oportunidades de desenvolvimento de carreiras.
O que se estabelece hoje é uma nova cultura corporativa para resultados (especialmente diante dos desafios de se superar adversidades); o que significa a adoção de um planejamento participativo que permita potencializar resultados, com o estabelecimento de programas de desenvolvimento de competências e habilidades, definição de metas, métricas e tudo o que faz parte da chamada gestão corporativa por resultados. Isso, na prática, representa um conjunto de hábitos e comportamentos que surgem organicamente em torno dos objetivos e desafios de uma empresa e que, necessariamente, levam em conta as oportunidades e interesses dos colaboradores no planejamento e construção de suas carreiras.
Focar no crescimento e na superação de adversidades é naturalmente focar em resultados. E em se tratando de algo que depende do esforço coletivo (ou corporativo), é ainda mais natural que as pessoas e as equipes se engajem na construção de um planejamento mínimo que ofereça a todos um sentido para os negócios e apresente as condições básicas para o desenvolvimento da empresa e das pessoas e equipes. Empresas sem cultura de planejamento e de resultados esperdiçam talentos e recursos financeiros, pois deixam de sinalizar o que se espera de seus colaboradores, investem e sobrecarregam as equipes com cursos e treinamentos que nem sempre estão alinhados às necessidades de desenvolvimento de competências e habilidades que os objetivos e os desafios da empresa e de seu negócio requerem, especialmente em se tratando de uma visão de futuro. Dessa forma, o planejamento de carreira de seus profissionais estará também representativamente prejudicado.
A clareza de propósito nas empresas permite sinalizar não só a direção a avançar como também consente às equipes conhecer e participar dos seus objetivos e desafios, como também avaliar e melhor gerenciar os riscos do negócio e do mercado. Necessariamente, permite maior engajamento das pessoas por entender que as equipes e colaboradores compreendem e se tornem defensores dos objetivos corporativos e de produção de resultados, visto que também permite estabelecer um planejamento mais realista de suas carreiras.
Para as empresas, o planejamento estratégico é a oportunidade de se apropriar e aproveitar de uma ferramenta que tem levado muitas organizações a patamares excepcionais de sustentabilidade e de posicionamento de mercado (Veja em: Planejamento Estratégico Eficaz, a hora de mudar os modelos e conceitos). É natural que essa evolução abre as oportunidades para os colaboradores engajados no desenvolvimento da organização e das equipes, pois só é possível quando os interesses sejam convergentes, ou seja: melhor para empresa, mais e melhores oportunidades de carreira para os seus colaboradores.
Por fim, pode-se concluir que o planejamento estratégico é essencial para o êxito das políticas de recursos humanos nas empresas, visto que um bom planejamento estratégico é capaz de identificar melhor os objetivos, desafios e riscos que envolvem os negócios e assim, concede às equipes e colaboradores as melhores oportunidades de acessão de suas carreiras. Da mesma forma, uma política de gestão de talentos deve focar na qualificação de equipes levando em conta as habilidades e competências que as equipes devem dispor para o êxito do planejamento estratégico e dos negócios, abrindo, assim, oportunidades de engajamento e desenvolvimento de carreiras para colaboradores, assegurando os melhores resultados para todos.

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