Por que política não pode ser ignorada pelas empresas
- E.Moreno
- 21 de fev.
- 2 min de leitura

Promover espaços saudáveis para o debate orientado pela ética e pelo interesse comum propicia maior diversidade de conhecimento e eleva o senso de pertencimento das equipes.
Temas políticos nem sempre são apreciados pela maioria de líderes corporativos, preferindo evita-los, em especial pelas polêmicas que as ideologias trazem. Em uma recente enquete nossa no Linkedin, com poucos respondentes, o tema política e negócios atraiu interesse de 672 pessoas que abriram a enquete. Foram apenas 13 respostas (sem muita surpresa), sendo que 69% dos respondentes afirmaram que a política condiciona os negócios, 23% preferem que política e negócios sigam separados e 8% acreditam que negócios não dependem de política.
A realidade política (com as suas ideologias) impacta direta e profundamente no destino dos negócios, especialmente onde se espera pelo livre mercado para se desenvolver. Nesse sentido, vale considerar que a ideologia (qualquer que seja ela) sinaliza ou aponta para aonde se quer chegar e a política o ritmo que se quer dar. Por outro lado, as empresas são organismos vivos, que respiram e sentem o ambiente em todos os aspectos, sejam eles econômicos, sociais e comportamentais. Portanto, é precário qualquer entendimento de que os negócios precisam ser blindados de qualquer influência política. Mas é importante considerar que a política envolve paixões (principal razão para aqueles que preferem evitá-la) e, por isso, a participação política nos ambientes de trabalho precisa ser trabalhada de forma ética para que se valorize a diversidade de pensamento que irremediavelmente contribui para a diversidade cognitiva, essencial para a inovação e às perspectivas pessoais.
Governos, em regimes democráticos, são na maioria transitórios, embora a ideologia possa ser mais duradoura. De outro lado, os negócios são planejados para uma trajetória de longo prazo, em uma visão de futuro que possa ser construído e não arrastado. Daí, conhecer os condicionantes externos à vontade dos líderes e buscar influencia-los (lobby corporativo é legítimo) é chave para isso, buscando superar não só entraves ou desafios, mas também identificar oportunidades.
Assim, avaliar e entender as políticas de governo e suas ideologias impactam representativamente no planejamento das empresas, vis-à-vis ao seu modelo de pensamento e gestão estratégica.
Representatividades disso são mais evidentes quanto se percebe o quanto as políticas públicas se orientam em favor ou não do livre mercado, com as suas incongruências, tais como livre concorrência e protecionismo, capitalismo de Estado e liberdade de empreender.
Na prática, mais "campeãs" ou política desenvolvimentista abrangente, mais Estado ou Estado mínimo, mais impostos ou menos impostos, mais regulação de mercado ou mais liberdade. Mais crédito direcionado ou mais crédito com recursos livres. Mais abertura comercial e ao capital externo ou mais protecionismo.
São facetas das ideologias, impulsionadas pela política e que condicionam os negócios, tanto pelas oportunidades como também pelos entraves. Ignorar isso é deixar os negócios à deriva.
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