Financiamento à economia real permanece em processo de desaceleração
- VECTOR Consultants - E.Moreno
- 9 de nov. de 2023
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Inadimplência e carteira de maior risco permanecem aumentando o risco no crédito para micro e pequenas empresas, alerta o Banco Central.
Relatório de Estabilidade Financeira, publicado (09/11) pelo BC, relativo ao segundo semestre de 2023, aponta que o financiamento à economia real permaneceu desacelerando, em linha com o ciclo de política monetária e com a percepção de risco de crédito.
Alta alavancagem de famílias e taxas de juros elevadas contribuíram para a continuidade da desaceleração do crédito às Pessoas Físicas (PFs). No caso das Pessoas Jurídicas (PJs), a carteira bancária cresceu a taxas cada vez menores em todos os recortes, com destaque para a redução no crédito a grandes empresas.
As instituições financeiras (IFs) reduziram o apetite ao risco, mas o cenário ainda requer cautela, reafirma o BC. Em relação às PFs, o crédito continuou desacelerando nas modalidades mais arriscadas, como cartão de crédito e crédito não consignado. Os critérios de concessão de crédito às famílias se tornaram mais restritivos em função das perdas recentes. Concernente às empresas, apesar da desaceleração do crescimento do crédito, não se percebe alteração importante na estimativa de qualidade das concessões. Esse fator demanda atenção dada a pressão sobre a capacidade de pagamento das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), alerta do BC.
O contexto de elevado endividamento continua se manifestando na materialização de risco de crédito. A inadimplência e a carteira considerada de maior risco permanecem aumentando no crédito para micro e pequenas empresas, e, em menor grau, no crédito às famílias. Em relação às MPMEs, não há sinais de reversão no curto prazo, em especial nas microempresas. Já quanto às famílias, apesar da capacidade de pagamento também pressionada, a maior qualidade das contratações recentes indica melhora nos meses vindouros.
Nessa linha, os dados publicados também pelo BC nesta semana (07), relativos ao mês de setembro, reafirmam essa tendência de desaceleração no ritmo de crescimento do estoque das operações de crédito do SFN. No mês, os estoques somaram R$ 5,6 trilhões, com um aumento de 0,8% no mês e 8,0% em doze meses. No entanto, em agosto, o estoque apresentava um crescimento de 9,0% nos 12 meses antecedentes, ilustrando a tendência de queda no ritmo de crescimento do saldo total de crédito.
A desaceleração no ritmo de crescimento dos estoques tem ocorrido basicamente em todos os recortes. Entretanto, os dados apontam menor desaceleração no ritmo de crescimento dos estoques com recursos direcionados, fato que tem despertado atenção do Comitê de Política Monetária (Copom) em razão de menor impacto da política monetária nos custos de concessão de crédito com esses recursos e, consequentemente, na economia. Em setembro de 2022, os estoques de operações como recursos direcionados representavam 40% do saldo de operações no STF. Já em setembro deste ano, o saldo passou a representar 41%, com tendência de alta.
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