ESG: Ênfase aos aspectos ambientais dificulta o desenvolvimento de pautas de sustentabilidade social
- VECTOR Consultants - E.Moreno
- 25 de mar. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de mar. de 2022

Empresas priorizam os aspectos ambientais da ESG como forma de redução do custo de capital e colocam os programas de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) em segundo plano.
ESG tem avançado como fatores centrais da sustentabilidade e do impacto social de um investimento em uma empresa ou negócio. Essa definição, talvez a mais comum, traduz o que mais se busca no mercado: reduzir os riscos e elevar resultados dos fundos de investimentos que priorizam as questões ambientais nas suas políticas de risco.
Como se sabe, ESG é muito mais do que carbono. Mas a ênfase ao E (environmental) - em razão da justa preocupação com as questões ambientais que incomodam não só aos investidores como o mundo inteiro - é ainda uma sigla pouco conhecida no conjunto das empresas brasileiras, em particular entre as de menor porte. Mesmo assim, a visão predominante é de que ESG se trata uma questão que afeta apenas as grandes empresas, em especial as companhias de capital aberto, foco dos fundos de investimentos. Por mais, prevalece ainda a percepção de que práticas de ESG exigem grandes investimentos, particularmente para o controle ambiental.
Por consequência, a maioria das empresas não inclui pautas de ESG em seu planejamento estratégico, mesmo aquelas relacionadas à governança corporativa e questões sociais, ainda a despeito das suas vantagens aos negócios e das expectativas de seus clientes e da sociedade.
Mesmo entre as grandes companhias que declaram ter adotado programas de ESG, muitas delas não têm cumprido as métricas que anunciam junto ao mercado de capitais, colocando as questões sociais e de governança corporativa em segundo plano. A conclusão é baseada em levantamento realizado pela OnePoll e encomendado pela Navex Global.
A pesquisa incluiu respostas de 1.250 executivos de nível sênior e de gerência nos Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha, todos em empresas com pelo menos 500 funcionários (Fonte: https://www.bloomberg.com/news/articles/2021-02-10/many-companies-fail-to-meet-their-stated-esg-goals-survey-finds). Mostrou que cerca da metade dos entrevistados disseram que suas empresas têm desempenho “muito eficaz” em relação às métricas ambientais, mas menos de 40% deles afirmaram o mesmo sobre o cumprimento de metas sociais e de governança.
Os entrevistados classificaram o meio ambiente como o elemento do ESG de maior impacto na reputação das marcas das empresas. No entanto, há diferenças entre os países. Companhias nos EUA eram menos propensas a classificar o meio ambiente como o principal fator do ESG, sendo citado por 43% dos entrevistados em comparação com 57% na Alemanha, 55% no Reino Unido e 54% na França. A governança ficou em último lugar em importância nos quatro países.
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Mesmo se tratando de dados de empresas no exterior e de dezembro de 2020, o quadro pode servir de referência de comportamento das empresas brasileiras. Portanto, é razoável afirmar que nos países de economias menos desenvolvidas – como o Brasil – a adoção de práticas de ESG, como cultura de sustentabilidade dos negócios, passa a depender da forma com que os demais fatores sociais (S) e de governança (G) podem ser valorizados pelos negócios, independentemente do tamanho dos empreendimentos.
Vale considerar que as pautas sociais (S) são as mais lembradas pelos consumidores brasileiros na hora da compra. Segundo estudo do Instituto Akatu, mais de 80% dos consumidores esperam que as empresas promovam políticas que garantam remuneração justa aos funcionários, garantam que seus produtos são seguros e saudáveis, forneçam informações claras sobre os processos produtivos e tratem os seus funcionários de forma equitativa. Todas essas questões fazem parte da pauta "S" do ESG, o que configura que o cuidado com a reputação não depende apenas das questões ambientais e que toda e qualquer empresa deve considerar nas suas relações com os clientes e sociedade. Práticas de RSC (Responsabilidade Social Corporativa) possuem papel importante na imagem e reputação das empresas. Empresas éticas são reconhecidas.
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