Brasil cai mais duas posições no ranking de competitividade. E o que a sua empresa tem a ver com isso?
- VECTOR Consultants - E.Moreno
- 18 de jun. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 29 de set. de 2024

Queda na posição de Eficiência Empresarial foi o fator mais representativo para a nova posição do Brasil no ranking.
O Brasil voltou a cair pelo quarto ano consecutivo no ranking WCR de competitividade global, desde 2020. A edição do World Competitiveness Ranking (WCR) de 2024, produzida pelo International Institute for Management Development (IMD), demonstra que o Brasil caiu da 56ª posição que ocupava em 2020 para 62ª posição entre as 67 economias pesquisadas, agora em 2024. Queda nos rankings de Eficiência do Governo e das empresas foram os fatores que mais pesaram. Cingapura e Suíça ocupam as primeiras posições, nessa ordem.
A competitividade de uma economia não pode ser medida apenas em relação ao seu PIB ou à sua produtividade. As dimensões política, social e cultural também são uma realidade que afetam diretamente as empresas. Por isso, o poder público deve desempenhar um papel crucial para proporcionar um ambiente adequado para os negócios, em especial em infraestrutura, regulação em favor da livre iniciativa e segurança jurídica, dentre outras condições essenciais para encorajar a criação de valor sustentável por parte das empresas. No entanto, as empresas precisam se posicionar quanto os fatores que influenciam a competitividade do país como um todo e buscar caminhos próprios para se diferenciar no mercado.
Em uma visão corporativa para os negócios, destaca-se no WCR o avanço da performance econômica do país, que passou da 56ª posição em 2020 para 38ª posição em 2024. No entanto, o Brasil voltou a regredir no ranking quanto a três outros critérios de avaliação utilizados pelo IMD: Eficiência Governamental, Infraestrutura e Eficiência Empresarial.
Em Eficiência Governamental, com apenas 10,9 pontos (em cem), o Brasil passou da 61ª para 65ª posição, duas posições apenas acima da última nação da lista. Nesse critério, o Brasil perdeu três posições (65ª) em termos de Legislação Empresarial. Em Infraestrutura o país obteve a nota 25,7, colocando o país na 58ª posição, enquanto em 2020 ocupava a 53ª colocação. Já no critério Eficiência Empresarial, surpreendentemente, o país teve perdas mais representativas de posições (14) em relação aos demais critérios, quando em 2020 o Brasil ocupava a 47º lugar, vindo a ocupar apenas a 61ª posição em 2024, com uma nota de 20,7, entre as 67 nações pesquisadas

Ainda no quesito Eficiência Empresarial, o WCR indica os principais fatores, sendo do lado negativo: Produtividade e Eficiência, com queda de duas posições (65ª); Atitudes e Valores, com perda de seis posições (61ª) e Mercado de Trabalho, com perda de duas posições (55ª). Do lado positivo vieram os ganhos em Práticas de Gerenciamento, com duas posições (55ª); e Finanças, também com duas posições (46ª).
Nota-se que nas perdas de posições em Eficiência Empresarial pesam as perdas em fatores mais sensíveis aos modelos corporativos de governança e de menor influência da Eficiência Governamental, ou seja: Produtividade e Eficiência, e Atitudes e Valores. Entretanto, os dados não representam necessariamente queda ou piora nesses quesitos, mas sim o fato de que os avanços ocorridos entre 2020 e 2024 não foram suficientes para colocar o Brasil em uma posição mais vantajosa em termos de competitividade relação às demais economias pesquisadas.
A entrada de novas economias (2) na pesquisa também influenciou os resultados gerais.
É notório que o modelo de desenvolvimento adotado pelo Estado afeta diretamente o desempenho das empresas, mas nem sempre as empresas podem contar ou esperar por políticas públicas capazes de criar ambientes mais favoráveis para os investimentos, em particular as voltadas à reindustrialização do país. É o caso da “Nova Indústria Brasil – NIB (lançada em janeiro deste ano) que tem no nacionalismo e no protecionismo os seus fundamentos e de reduzida capacidade de atrair investimentos privados, em particular estrangeiros que preferem as economias de maior liberdade[1].
Por isso, a sobrevivência das empresas está cada vez mais condicionada à forma como elas respondem ou se adaptam ao ambiente externo em um mundo progressivamente mais globalizado e competitivo. Se há ou não um projeto adequado ao desafio da reindustrialização do país, as empresas precisam antecipar suas políticas em uma perspectiva de construção de seus próprios destinos, sob o risco de ficar para trás. Para tanto, considerar as necessidades de se avançar em inovação, nas práticas de sustentabilidade e qualificação para se criar competências é chave para o enfrentamento desse desafio. Daí, promover mudança no modo de pensar os negócios, em uma visão de futuro, pode ser determinante para a sobrevivência e perenidade das empresas, em especial quanto ao fato de que, no geral, o Brasil tem um parque industrial de baixo desempenho[2] onde a competitividade e a produtividade da nossa indústria são ainda muito baixas o que impõem muita dificuldade para competir no mercado internacional. Nesse sentido, rever as políticas de Atitudes e Valores (onde no geral o Brasil caiu 6 posições, para 61ª) e de Produtividade e Eficiência pode se tornar não só uma vantagem importante para a competitividade das empresas, mas também um background importante para a mudança no histórico de quedas sistemáticas no ranking do país, favorecendo as empresas como um todo.
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Fale conosco para saber mais como o pensar estratégico, preconizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) como chave para o reconhecimento das potenciais disrupções que se emergem na arena competitiva, é um processo possível a ser construído e que alimenta a cultura corporativa da inovação e do conhecimento em prol da competitividade.
[1] O Índice de Liberdade Econômica 2024 da Heritage Foundation, mostra que o Brasil piorou a sua nota de liberdade econômica no ano passado, de 53,5 pontos para 53,2 pontos, em uma escala de 0 a 100 pontos. Com isso, o país se manteve entre as economias "majoritariamente não-livres", nos critérios da Fundação.
[2] Mesmo com alguns avanços recentes, o Brasil ainda em uma posição nada favorável em termos de inovação, ocupando a 49ª posição no Índice Global de Inovação (IGI) 2023.
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