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Ambiente de crédito se deteriora e afeta as empresas


Economia em desaceleração, juros e inadimplência em alta afetam o ambiente de crédito para MPME


Quando isso não bastasse, escândalos corporativos e crises de varejistas se juntam e elevam a percepção de risco sobre as finanças corporativas, levando à uma maior restrição ao acesso das empresas ao crédito e alta dos juros.


Além do efeito “Americanas”, sinais de desequilíbrios financeiros em várias empresas (como a Oi, Marisa, Light, que estão buscando reestruturar suas dívidas para evitar um processo de recuperação judicial), têm levado o Sistema Financeiro Nacional - SFN a acender luz laranja de alerta. Tal fato, ao lado da redução das atividades econômicas e a ampliação das incertezas macroeconômicas, tem contribuído para um cenário ainda mais cauteloso e restritivo por parte das instituições financeiras, particularmente quanto às finanças corporativas das empresas. Por outro lado, as companhias já passam por dificuldades na emissão de títulos de renda fixa, quando, após um ano de recorde para as emissões de renda fixa, o “efeito Americanas”, propriamente congelou o mercado de crédito privado (Valor Econômico).


A nota do Banco Central, publicada em 27/02/2023 revela ainda que a inadimplência de empresas em créditos no Sistema Financeiro Nacional – SFN vem crescendo há sete meses, quando alcançou a marca 3,2% em janeiro, uma alta mensal de 0,2 p.p. e interanual de 0,7 p.p. Esse movimento refletiu os incrementos mensais de 0,3 p.p. nas operações de crédito com recursos livres (para 4,5%) e de 0,1 p.p. nas de crédito direcionado (para 1,3%).


Por mais, segundo a Serasa Experian, 6,4 milhões de empresas (cerca de 30,1% das empresas ativas) já se encontravam inadimplentes no final de novembro do ano passado. O número é 8,2% maior do que no fim de 2021. O setor de serviços liderou o ranking com 53,4% dos negócios endividados, seguido pelo comércio (37,5%) e indústria (7,7%). A maioria (5,7 milhões) é composta por micro ou pequenas empresas (UOL).


Por outro lado, nas contratações de crédito pelas empresas em janeiro, com recursos livres (de maior acesso pelas MPME), a taxa média de juros subiu 2,2 pp no mês e 4,0 pp em doze meses, situando-se em 25,3% a.a. No geral, o Indicador de Custo do Crédito (ICC), do BC, que mede o custo médio de todo o crédito do SFN, atingiu 21,9% a.a., elevando-se 0,4 p.p. no mês e 3,0 p.p. em 12 meses. No crédito livre não rotativo, o ICC situou-se em 28,2% a.a., estável em janeiro e alta de 3,2 p.p. em 12 meses. Apesar da diminuição de 0,3 p.p no mês, o spread geral do ICC, acumulou elevação interanual de 0,9 p.p.


Por efeito, o saldo de crédito ampliado a empresas (SFN + não financeiro), de R$ 5,1 trilhões, teve uma redução de 1,3% em janeiro, influenciada sobretudo pela diminuição de 2,0% (-) nos empréstimos pelo SFN.


O movimento de restrição a credito às empresas não é novo, mas tem se intensificado desde abril de 2022, representando uma reversão de tendência de alta iniciada em abril de 2021 (quando as concessões tiveram uma queda 5,3% (-) nos 12 meses antecedentes), acumulando uma alta de 31,7% em 12 meses imediatamente anteriores.

Desde então, o ritmo das concessões de crédito com recursos livres a PJ (que permitem às MPME maior acesso) vêm caindo sistematicamente, chegando a expansão de 16,7% (12 meses) em janeiro deste ano.


A queda no ritmo das concessões pelo SFN (aliada à redução dos prazos de contratação) contribuiu para uma redução de 0,3% no volume de crédito (saldo) em carteira, na passagem de dezembro para janeiro, que somou R$ 5,3 trilhões em janeiro deste ano.

No mês, o volume de crédito para as empresas diminuiu 2,4% ao totalizar R$ 2,1 trilhões, enquanto para as famílias houve crescimento de 1,1%, atingindo R$ 3,2 trilhões. Na mesma base de comparação, o saldo com as empresas desacelerou para 7,9%, ante 9,0% no mês anterior. Em sentido contrário, o volume de crédito às famílias cresceu 17,8% nos doze meses até janeiro, comparativamente a 17,7% em dezembro do ano anterior.


Por fim, vale lembrar que, mesmo diante de uma forte pressão política, as expectativas do mercado é a de que o Banco Central não venha promover uma redução representativa na taxa básica de juros (Selic) ainda em 2023. Perspectivas de um arcabouço fiscal pouco favorável à política monetária conduzida pelo BC reduz a chances de redução de juros para as empresa, pelo menos a curto e mediano prazos.

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Quadros produzidos pelo BC

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